[RESENHA] Cyberstorm - Matthew Mather

13 de dez. de 2016
Cyberstorm - Matthew Mather
ISBN-10: 8576572184
Ano: 2015
Páginas: 368
Idioma: português
Editora: Aleph
Classificação: 
Página do livro no Skoob
Em meio a uma forte tensão política internacional, os Estados Unidos sofrem um grande ataque cibernético: todos os meios de comunicação começam a falhar. Ao mesmo tempo, uma forte tempestade de neve assola a cidade de Nova York, e uma possível epidemia de gripe aviária parece se aproximar. Presos na cidade e quase sem contato com o resto do mundo, os moradores de repente se veem imersos em um cenário verdadeiramente apocalíptico. Enquanto rumores e especulações correm sobre a origem desses ataques, Mike Mitchell se concentra em questões que para ele parecem mais urgentes. 

Resenha:
Cyberstorm foi publicado pela editora Aleph em 2015 e desde então desejo lê-lo. Eu o procrastinei por muito tempo, admito isso, mas no fundo foi por saber que iria precisar de um tempo livre para digeri-lo. Definitivamente não é o tipo de história que se lê em pitadas, aos poucos. Eu o devorei em dias, em cada tempo livre que encontrei na minha rotina. E por ter o inserido no meu dia a dia eu acabei tentando trazer toda a situação do livro para mais próximo de mim. Eu tive medo.

O cinema e a própria literatura representam Nova York de um modo bem característico. Vivo, agitado, sempre com um som urbano ao fundo. Como a cidade respirasse movimento contínuo 24h por dia. Na obra de Matthew Mather, Nova York está isolada do mundo. Caminha para a morte como seus moradores, que enfrentam a pior nevasca em anos. O mundo está em colapso. Um colapso digital, com um estrago que só quem entende o mínimo de internet pode compreender.

Mike estava enfrentando uma crise em seu casamento quando tudo aconteceu. A internet caiu, assim como a eletricidade e a água, que passou a ser racionada até extinguir-se. Os telefones ficaram sem sinal, a TV passou a noticiar de modo muito vago uma crise de perspectivas mundiais. Um aviso passou a ecoar pelas ruas, pela boca do presidente dos Estados Unidos: fiquem em casa e mantenham-se seguros. Segurança. Tudo que não existe numa guerra. Em breve a ajuda viria. Em breve.

Eu não sei como expressar o caos que se instala quando é preciso caçar para sobreviver em uma cidade grande. Sem eletricidade as pessoas não podem pagar para levar algo do supermercado. Elas não podem abastecer o carro ou até cozinhar. Sem água elas morrem. O corpo humano pode enfrentar dias de fome, mas pouquíssimas horas de sede. Inanição. Um surto de gripe aviária se instala na cidade. Boatos? Mike precisa proteger seu filho, a filha de seus melhores amigos que agora fazem parte de sua família. Todos os moradores do seu andar precisam se unir. Há perigo lá fora. A fome transforma o homem em um animal. Aflora os extintos mais primitivos. Como negar ajuda? Como confiar no vizinho?

Um acidente de trem gravíssimo deixou centenas de pessoas feridas, aviões foram bombardeados, a neve já acumula metros nas calçadas. Onde está o exército? Os hospitais estão superlotados, não há comida suficiente para ser roubada. A neve está ficando suja, imprópria para o consumo. As notícias cessaram. Os boatos correm soltos. Foram os chineses que começaram tudo isso? Alguma nação inimiga revidando? Os chineses já desbravavam as Américas há muito tempo atrás? Como assim? Tudo não passar de um cyberataque. Um hacker ou um time de hackers invadindo a vida de milhões de cidadãos, convertendo todas as informações dos Estados Unidos em munição contra ele próprio. Quem controla a internet? Qual o impacto dela em nossas vidas? O perigo é real ou virtual? Acho que já não existe essa linha tênue.

Se você, assim como eu, adora uma conspiração vai ficar vidrado com todas as teorias que os personagens levantam no decorrer da história. Eles não são leigos e devaneiam por caminhos assombrosos. A sensação que tive, durante toda a leitura, foi de estar sendo observado. É aquela velha discussão de que ninguém realmente lê os Termos de Uso das redes sociais e mesmo assim defende uma privacidade que não existe. Um direito de ir e vir que é assegurado por quem? Quais os limites existentes na web? Existem territórios? Há, de fato, alguém supervisionando tudo isso?

É mais que certo. Se agora mesmo, enquanto você lê essa resenha, a internet simplesmente parasse de funcionar por dias, o mundo entraria em regresso. Em curto-circuito. Haveriam consequências. Somos pequenos demais. O governo é uma icógnita.

Enquanto tudo isso se desenrola, Mather nos presenteia com personagens grandiosos. As situações são angustiantes, assim como os conflitos pessoais de cada um. Índole e coragem andam juntos. Talvez seja preciso abandonar alguns princípios para sobreviver. Talvez seja preciso buscar esperança em estranhos. Há canibalismo, heranças de guerras passadas e tecnologia quando a tecnologia não existe mais. Cyberstorm se tornou uma das minhas leituras prediletas deste ano.

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