[Resenha] O Quarto Dia - Sarah Lotz

26 de mai. de 2016
O Quarto Dia - Sarah Lotz
ISBN-10: 8580415381
Ano: 2016
Páginas: 352
Editora: Arqueiro
Classificação: 
Página do livro no Skoo
Em O Quarto Dia, Sarah Lotz conduz o leitor por uma viagem de réveillon que tinha tudo para ser perfeita. Mas às vezes o novo ano reserva surpresas desagradáveis. Janeiro de 2017. Após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado à deriva no golfo do México. Poderia ser só mais um caso de falha de comunicação e pane mecânica... se não fosse por um detalhe: não há uma pessoa viva sequer no cruzeiro. As autoridades acham indícios de uma epidemia de norovírus, mas apenas descobrem os corpos de duas passageiras. Para piorar, todos os registros e gravações de bordo sofreram danos irreparáveis. Como milhares de pessoas podem ter sumido sem deixar rastro? Teorias da conspiração se alastram, mas só há uma certeza: 2.962 passageiros e tripulantes simplesmente desapareceram no mar do Caribe.
Resenha:
O Quarto Dia é o segundo livro que a editora Arqueiro publica da autora Sarah Lotz e apesar de fazer referência a Os Três, a obra anterior, não é uma continuação. Você não precisa ter lido o primeiro livro para entender. É uma história independente, apesar de algumas pequenas ligações que não interferem em nada na leitura.

Em Os Três quatro acidentes aéreos em quatro continentes diferentes mataram mais de mil pessoas em um intervalo de poucas horas. O mais estranho? Apenas três crianças sobreviveram contrariando todos os indícios de que ninguém poderia sair vivo de acidentes tão graves assim em hipótese alguma. Obviamente um circo midiático de ampla escala se instala numa tentativa de cobrir cada detalhe do acidente e tentar descobrir a causa das quedas. O que você precisa saber sobre tudo isso é que uma vidente ficou famosa durante esse período conturbado por divulgar mensagens do além sobre o ocorrido. O conteúdo desses recados é muito mais interessante você descobrir no decorrer das páginas.

Em O Quarto Dia quase 3 mil pessoas a bordo de um cruzeiro com destino a Miami se veem à deriva. Um pequeno incêndio causou danos mecânicos no navio, as tentativas de comunicação com o continente estão sem retorno e tudo de ruim que pode acontecer quando se está perdido no meio do oceano está prestes a se concretizar. E olha, se antes eu cultivava o desejo de fazer uma viagem assim, vou precisar repensar bastante até tomar essa decisão.

Um estuprador assassinou uma garota em um dos quartos, mas parece que ninguém está disposto a investigar o ocorrido. A alimentação a bordo se restringiu a sanduíches e, numa tentativa de acalmar os ânimos dos passageiros estressados, o bar foi aberto livremente. Dá para imaginar que isso seja uma boa ideia? Não é e a gente tem inúmeras provas disso a cada confusão e briga que lemos. Sem energia, diversos equipamentos param de funcionar e as pessoas são obrigadas a realizar suas necessidades pessoais em sacos plásticos. Se tudo isso não basta, lá vem a cereja do bolo: fantasmas. Lembra da vidente que comentei acima? Ela passa a ser uma grande atração, maior do que já era, usando de seus dons para se comunicar com os mortos e entreter as pessoas. Mas os personagens que narram a história enxergam tudo de um modo diferente. Eles enxergam o diabo em cada corredor. A vidente sabe de coisas que não deveria saber. Talvez, no final das contas, ela não seja uma farsante e esteja ali com um propósito.

O medo que senti lendo Os Três não esteve presente durante os capítulos desse livro. A estrutura narrativa mudou. No livro anterior o leitor acompanha a história através de e-mails, depoimentos, entrevistas e recortes de jornais. Em O Quarto Dia isso só acontece nos capítulos finais, quando tudo se resolve. Até então o enrendo se desenrola em texto corrido, como um romance comum. A história é narrada por vários personagens: pela assistente da vidente, que não reconhece mais a chefe e percebe que algo nela mudou, por um blogueiro que assumiu a missão de perseguir a vidente e desmascarar cada previsão vazia dela, pelos camareiros que são os personagens que mais sofrem no meio dessa confusão toda, afinal são eles que tratam diretamente com os passageiros e no final das contas são quem passam a ter provas concretas de que existem entidades e seres de outro mundo alterando o rumo do navio. Ainda temos um segurança, um médico e um casal de velhinhas que veio para o cruzeiro para se suicidar, mas acabou presenciando as coisas mais terríveis e sobrenaturais que o diabo pode fazer antes de, enfim, descansar.

Se tem algo que pude aprender com a escrita de Lotz, foi que não tem como prever absolutamente nada sobre o desfecho de suas histórias. Não há pistas nas entrelinhas, nem condições de um ser humano normal adivinhar como tudo vai acabar. O final desse livro é tão fantástico e bizarro que tento entendê-lo até agora. É completamente aberto ao mesmo tempo que não dá brechas para continuações e ainda assim dá. O que todos que leram devem concordar é que os capítulos finais foram curtos demais. Existe um fim, mas ele poderia ter sido mais trabalhado. Faltou os detalhes que tanto vimos até chegar nesse momento das entrevistas e depoimentos. 

O trabalho gráfico que a editora Arqueiro vem fazendo nesses livros é maravilhoso. Apesar dos livros da Lotz não possuírem orelhas, as lombadinhas das folhas são pintadas de preto e azul. É todo um conjunto que te traz sensações bem sombrias durante as leituras. Mal vejo a hora de ver tudo isso no cinema. Alguém compra os direitos de adaptação, por favor!

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