[Resenha] Imperfeitos - Cecelia Ahern

9 de abr. de 2017
Imperfeitos - Cecelia Ahern
ISBN-10: 8581636535
Ano: 2016
Páginas: 320
Editora: Novo Conceito
Classificação: 
Página do livro no Skoob
Celestine North vive em uma sociedade que rejeita a imperfeição. Todos aqueles que praticam algum ato julgado como errado são marcados para sempre, rechaçados da comunidade, seres não merecedores de compaixão. Por isso, Celestine procura viver uma vida perfeita. Ela é um exemplo de filha e de irmã, é uma aluna excepcional, bem quista por todos do colégio, além do mais, ela namora Art Crevan, filho da autoridade máxima da cidade, o juiz Crevan. Em meio a essa vida perfeita, Celestine se encontra em uma situação incomum, que a faz tomar uma decisão instintiva. Ela faz uma escolha que pode mudar o futuro dela e das pessoas a seu redor.  Ela pode ser presa? Ela pode ser marcada? Ela poderá se tornar, do dia para a noite Imperfeita?
Resenha:
Cecelia Ahern entrou para a seleta lista de autores prediletos quando P.S. Eu te amo me fez chorar como um bebê. Figurando entre as mais vendidas mundo afora, a autora sempre investiu em romances. Quando vi que “Imperfeitos” era uma distopia não pude negar que fiquei com um pé atrás. A curiosidade foi maior e, meus caros, ela conseguiu. Não recorreu aos clichês que tanto me afastaram do gênero nesses últimos meses. Há tempos eu não sentia tanto ódio de um vilão. Aliás, vilões. Ahern construiu personagens feitos para a gente amar ou odiar. E eu odiei muitos. Nossa senhora, como eu odiei. E amei.

Nesse universo, o governo pune os cidadãos que erram com marcações a ferro e fogo na pele. Têmpora, sola dos pés, mãos, peitoral e língua. De acordo com o seu deslize, uma cicatriz o marcará como um imperfeito. Como uma escória que a sociedade deve se afastar. Os imperfeitos são uma espécie de minoria. Um grupo social que precisa se adequar a uma nova vida com toques de recolher, limites geográficos e de ascensão. Um imperfeito nunca será alguém influente. Um imperfeito não pode estar em um mesmo lugar com outros dois imperfeitos. Um imperfeito não pode ter uma família ou comer uma pizza. Até o que se come, bebe, lê e assiste é supervisionado.

Celestine era uma garota perfeita, dessas com um futuro brilhante pela frente até que cometeu um erro. Ajudou um imperfeito a se sentar num ônibus enquanto todos fingiam que ele não estava lá, tossindo em vias de desmaiar. Celestine salvou um senhor de idade da morte e foi levada a julgamento.

Como toda distopia que se preze, a crítica ao social se faz presente. O Tribunal que comanda toda essa fiscalização seguida de julgamento e punição está sob os holofotes. Um poder que antes nunca foi questionado, agora está prestes a ruir porque uma garota teve a coragem de se colocar contra Creevan, o grande responsável por esse regime autoritário.

Celestine é namorada de Art. Art é filho de Creevan. Arte está desaparecido e Creevan furioso. Celestine instaura o caos na sociedade. A modelo de cidadã se torna modelo dos imperfeitos. Uma guerra está prestes a explodir e ela não sabe bem no que se meteu ou o que está fazendo. Celestine se torna a imperfeita mais marcada da história. Ninguém nunca havia recebido antes mais que quatro marcações. O ódio que cresce em cada cicatriz que ganhou só não é maior que a vontade de descobrir como derrubar Creevan. Aquele que a condenou a uma vida de limitações e holofotes. A mídia está em polvorosa. Algo está acontecendo. Algo de muito errado. Creevan está usando a influência que tem no Tribunal para se vingar. Não só de Celestine, mas de muitos outros.

Ah, e claro que tem romance. Celestine e Arte é apenas um aperitivo. Quando a protagonista entende quem ela realmente é, entende com quem gostaria de estar. Um imperfeito misterioso, que possui apenas duas falas durante todo o livro é quem rouba cena e coração.

Apaixonante do início ao fim, Imperfeitos joga uma nova luz sob as distopias. Transforma a fórmula já conhecida do gênero em algo empolgante outra vez. Não é sangrento, explosivo ou surreal como outras séries e trilogias que já conhecemos. É mais próximo da nossa realidade, mais crível e ainda assim fantástico por mexer tanto com os sentimentos. Eu me vi nervoso, agoniado e revoltado com inúmeras situações. Ser imperfeito é necessário. Errar é o que faz da gente algo melhor, é o que nos possibilita refletir. Alguém que não erra, decepciona-se ou se arrepende não é digno de confiança. Não sabe o que é bom ou ruim. Como mudar o mundo sem saber o que é certo? Sem saber o que é verdade?

Torço para que a Novo Conceito publique a série completa e em intervalos de tempo aceitáveis. Não consigo parar de pensar no desenrolar dessa história. Cecelia Ahern aparentemente pode escrever sobre tudo. Que mulher!

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