[RESENHA] Sete Minutos Depois da Meia-Noite - Patrick Ness

24 de fev. de 2017
Sete Minutos Depois da Meia-Noite - Patrick Ness
ISBN-10: 8581638244
Ano: 2016
Páginas: 160
Editora: Novo Conceito
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Conor é um garoto de 13 anos e está com muitos problemas na vida. A mãe dele está muito doente, passando por tratamentos rigorosos. Os colegas da escola agem como se ele fosse invisível, exceto por Harry e seus amigos que o provocam diariamente. A avó de Conor, que não é como as outras avós, está chegando para uma longa estadia. E, além do pesadelo terrível que o faz acordar em desespero todas as noites, às 00h07 ele recebe a visita de um monstro que conta histórias sem sentido. O monstro vive na Terra há muito tempo, é grandioso e selvagem, mas Conor não teme a aparência dele. Na verdade, ele teme o que o monstro quer, uma coisa muito frágil e perigosa. O monstro quer a verdade.
Resenha:
Há anos resenhando livros no Omd e ainda esqueço que não é recomendado de forma alguma subestimar livros por capa ou espessura. Não é impressionante como histórias em que os protagonistas são crianças são quase sinônimos de lágrimas e descompassos emocionais? Não imaginei que eu terminaria essa leitura com ciscos nos olhos.

Conor é apenas uma criança. Um garotinho de 13 anos que, infelizmente, enfrenta uma das piores situações que qualquer adulto poderia estar vivendo, que qualquer adulto daria tudo para não estar envolvido. Sua mãe está com câncer e aparentemente os tratamentos não estão tendo o efeito desejado. Tudo isso já seria pesado o suficiente para o menino se ele não estivesse tendo pesadelos recorrentes todas as noites. Um pesadelo que o faz acordar sempre às 00h07. Um pesadelo que o obriga a acordar e dar de cara com um monstro. Um teixo. Uma árvore gigante contadora de histórias.

O que impressiona é que Conor não tem medo da criatura. Ele simplesmente não se incomoda com a presença dele. O medo dele é outro e só descobriremos qual no desfecho de tudo, assim como o pesadelo, que nunca é narrado de forma completa. Claro que, diante as circunstâncias, é bem fácil de imaginar qual seja o motivo do garoto estar sendo atormentado em pensamento, mas a graça reside na forma como ele decide encarar e resolver a questão.

Seu pai vive com uma segunda esposa e filhos tão distante de onde Conor mora que é quase raro os dois se encontrarem. Sua avó é um completo oposto de tudo que o menino tem empatia. Sua melhor amiga se tornou ex depois de espalhar para toda a escola sobre a doença da mãe dele. E graças a essa informação, os valentões da escola nunca estiveram tão dispostos a atormentá-lo. São tantos cenários conflituosos que é difícil acreditar que alguém consiga dormir bem ao deitar a cabeça no travesseiro.

Se na vida real ele precisa enfrentar todos esses problemas, enquanto sonha acordado, ou simplesmente acorda dos pesadelos, Conor precisa captar as lições que o monstro está tentando transmitir através de histórias. São contos sobre homens hostis, atos de coragem disfarçados de assassinatos e situações em que o errado parece certo e vice-versa. A quarta e última história deve ser contada por Conor. Ele é o dono, protagonista e único que pode dar um final feliz para a situação.

“Você não escreve sua vida com palavras, você escreve com ações. Não importa o que você pensa. Só importa o que você faz.”

É claro que o livro é sobre seguir em frente. Sobre perdas irreparáveis e dores que sempre estarão ali. A mensagem que fica é de resistência e coragem. Conor precisa se fazer presente e forte para encarar um problema e vencê-lo. Porque adiar o inevitável só causa estragos. Estragos maiores que ataques de fúrias e noites mal dormidas. Amor pode não curar, mas salva. Esperança pode não curar, mas alimenta a alma. Nesse contexto, esperança só adiou e trouxe lamentações. Sete Minutos Depois da Meia-Noite nos lembra que há hora para tudo. Que o tempo é cruel com quem se esquiva da verdade. As histórias que o monstro conta são selvagens porque palavras ferem tanto quanto atitudes. Mas nada liberta mais que um ponto final.

"- Você pode ter a raiva que quiser. Não deixe que ninguém lhe diga o contrário. Nem sua avó, nem seu pai, nem ninguém. E, se você quiser quebrar as coisas, então, por Deus, quebre-as com vontade!"

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